sexta-feira, 30 de agosto de 2013

reflexões de uma mãe...

A propósito de birras, choros e amuos… É preciso muita paciência... Acredito que um dia vou sentir falta das birras e dos amuos. O tempo passa depressa… demais. Não é fácil educar, digo eu… Até parece que estou a ouvir a minha mãe “ um dia vais perceber o que eu passo…” não sei se foi praga ou aviso de quem sabe que há coisas que não mudam. Mas uma coisa que eu sei é que não há filhos iguais e nem sempre os conselhos servem como uma luva. não são copy e paste, utilizando uma linguagem mais tecnológica. Com as milhas filhas a sinceridade e um “não” bem fundamentado tem resultado. A culpa foi minha. Desde muito cedo lhes expliquei que a mãe só dá o que pode, quando pode. Um brinquedo não é algo que se recebe todos os dias. E quando a mãe vai às compras, só compra o essencial para casa. Não é fácil gerir um orçamento familiar com duas filhas quando um dos pais está desempregado, e nunca escondi isso das miúdas. Argumento que elas também utilizam quando querem justificar o porque de não receberem tudo o que gostariam ou pensam que gostariam de ter. Sim, porque também lhes tento explicar a diferença do “precisar” e do “querer”. Em muitas alturas, acho que elas estão a crescer depressa demais… Mesmo assim, de vez em quando, lá vem um amuo e uma birra e um pedir muito, porque “preciso mesmo daquela boneca, daquele bloco de notas… porque F. também tem”, rematando com um prego no coração “ F. é que tem sorte, a mãe dá-lhe tudo”. Novamente a explicação e o aceitar resignado. Que alivia o coração… mesmo sabendo que elas não precisam de mais uma boneca ou de um bloco de notas, já que todos os dias me arrelio a arrumar as mais de três bonecas e os quatro cadernos (multiplicado por dois, já que são gêmeas) espalhados pela casa. Eu sei que elas sabem… Um dia destes, num dia de limpezas, passando pelo quarto das minhas filhas, ouvi-a a Leonor conversar com a irmã e pareceu-me reconhecer a conversa e até o tom. Primeiro um arrepio e depois o refletir. Ela estava atenta, mais do que a irmã. Deve ser coisa de irmã mais velha, mesmo que seja só um minuto. Mesmo assim, no que toca às minhas filhas, de gêmeas têm apenas o facto de terem partilhado o mesmo útero durante quase oito meses. Uma está mais atenta às conversas, é mais sensível e parece preocupar-se que a sua irmã gêmea não partilhe da mesma preocupação de estar atenta ao mundo dos adultos. Preocupa-me este desejo de crescer depressa demais. Entre abraços e miminhos, lá lhe vou dizendo que a mãe não quer que ela cresça tão depressa e que é natural que a mana seja assim, afinal só tem seis anos. Agora estou mais atenta às suas conversas, porque estas refletem o que se passa nas suas cabecinhas e no seu coração. Acho que temos que ouvir mais os nossos filhos. Talvez aprendamos a conhece-los. Não os devemos calar ou mandar calar (por tudo e por nada). O silêncio, a mim deixa-me mais sozinha. Desejo muitas vezes esta hora (meia-noite) em que tudo em casa dorme e descansa. Mas a verdade é que é, também, nestas horas que mais sinto saudades delas, do seu riso e das suas conversas de irmãs cúmplices e amorosas. Sinto falta das suas perguntas e das suas opiniões, do mimo e das perguntas, dos abraços e dos beijinhos sem razão. E embora a desarrumação irrite, esta também é um sinal de que necessitam de espalhar a sua alegria pela casa. O único limite é o quarto dos pais e a cozinha. De resto, até há livros na casa de banho. Não tem mal, o que eu sei é que elas são felizes…

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